CLaYToN CRaVeiRo
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"Um vulto encostado no muro. A chuva caindo e encharcando outro pobre diabo como eu. Mataram minha Bia. Eram dois. O de fuzil eu ainda não vira, mas tinha noção de onde estava. Caminhei a passos largos atirando pelo corredor. Ele não teve defesa. Uma bala passou por trás de mim e esburacou a parede da casa. Abaixei. Precisava de mais um tiro para ver de onde vinha. Tirei a camisa molhada e sacudi acima de minha cabeça. O pequeno ponto de luz mirou na minha camisa. Pow! Mais um buraco na casa. Vi de onde veio; um arbusto que avizinhava o muro. Minhas lágrimas desciam e se misturavam com as gotas da chuva fina que caía. Apontei a pistola para o arbusto. Dez tiros sem parar. Dum-dum-dum...Fim."
"Estava de bruços sobre o lençol enrolado. Os cabelos, uma grande juba, desenhavam um semicírculo em cima do travesseiro. Seus olhos estavam fechados. Sem roupas. Vestida somente pela penumbra e uma delicada felpa à altura do cóccix. Ah, meus feromônios ! Meus ferozes hormônios que à consumiam e sumiam dentro de nossas entranhas. Estranhas entranhas onde adentrava meu punhal, minha lâmina de corte. O rastro lúgubre do orgasmo, os espasmos a indicar o descanso. Nessa hora, e somente nessa hora, permitia-lhe o sono. Depois de haurir-me o que havia de viril e plácido, como um imã, como um hino emocional, descansava. Dormia o sono das injustas. E daí, eu custar a crer na justiça celestial que lhe permitia o repouso e a mim somente a excitação. "
"Ri dos lençóis mordidos
pelo amor e a ritualística do ato
Do nosso consumo e o banho de gato
Do desprendimento das energias
Do sexo ardido pela repetição
ou não ?!
Ri
Ri cachorro que me lambe
de bambas pernas e tornozelos
Lambe com zelo tua cadela
e só pede socorro à donzela
quando não mais aguentar
Será ?!"
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Prestigie !!!
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"As panturrilhas doem demais. Os calcanhares esfolados pelo sapato novo. Carne viva. É o que diziam dela. Carne viva em movimento sinuoso. Movendo as ancas, a bunda de sincera generosidade.
A fartura dos seios que as câmeras não cansavam de exibir. Dor? Dor pra quê? Amanhã sou capa. Mantém o sorriso e vai adiante com sua nudez e salto plataforma pela avenida afora."
"A fina e a grossa ironia são esquecidas. O humor se cala para não provocar a patrulha do pensamento. A piada no bar da esquina é contada ao pé do ouvido olhando-se para os lados como se passássemos a mão na bunda da sua mãe atrás da igreja. Sim, da sua mãe, caro leitor, cara leitora!"